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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Verborragia irritante...

Começo a ler um texto que me é requerido por uma das disciplinas do meu curso de Desenho Industrial na UFMA.
Apesar de design e styling serem duas disciplinas totalmente distintas...
Pára, pára, pára. Como assim totalmente distintas? Totalmente mesmo? Nada de semelhante? Nada em que se possam comparar? Puxa, eu que tinha como passatempo mental na infância encontrar semelhanças entre bananas e cometas, picolés e dinossauros, acho bastante esquisito que o styling (uma preocupação estética que visa o consumo do produto) seja totalmente distinto logo do design. Mas, mais esquisito ainda é o trecho seguinte:
o styling é muitas vezes complementar do design.
Como coisas totalmente distintas entre si podem ser complementares? Isso não significaria que são indistintas em sua finalidade, no objeto a que se aplicam, ou em alguma coisinha ao menos?

É claro que o sujeito que escreveu esse texto nem sequer pensou no assunto, largou a mão a moldar a bosta e em seguida publicou-a em livro, que foi lido e recomendado posteriormente por professores aos seus alunos.

O erro desse autor poderia passar como coisa menor, probleminha a toa, mas não é. É um fenômeno amplo e irritante a quantidade de textos universitários que são permeados de expressões absurdas. Fica claro que os sujeitos que os escrevem não pensam na expressão real daquilo que estão escrevendo, ou, se pensam, não têm a menor preocupação de traduzir fidedignamente esse pensamento em linguagem. Sendo assim, vai caber logo a mim, aluno, rejuntar esse quebra-cabeças dadaísta e formar algo coerente?

A loucura continua:
O styling diz respeito ao tratamento e aparência da superfície - as qualidades expressivas de um produto. Pelo contrário, o design diz basicamente respeito à resolução de problemas - tende a ser holístico na sua finalidade e geralmente procura simplicidade e o que é essencial nos produtos.
Não vou me perder argumentando ou apontando mais verborragias, vou apenas fazer uma pergunta e seguir a partir dela. Se há um problema exposto pelo seguinte enunciado: "como tornarei este produto mais atraente?", isto é algo a ser resolvido pelo styling ou pelo design? Acrescento: não antecede a toda a atividade de styling o problema destacado? Como isto é verdadeiro, logo toda atividade de styling também é guiada por um problema referente a um produto, com a limitação que esse problema é sempre refente a capacidade de atração que tem o produto sobre seus possíveis compradores, e como todo produto industrial não prescinde de seus compradores (e como o designer vive no éter) a capacidade de atração de um produto é uma de suas características essenciais. Tomando então o design como a resolução de problemas essenciais referentes a produtos, o styling está contido no design do modo como é descrito pelo autor. Concluindo isto, como explicar que o próprio autor diga que o design e o styling têm preocupações contrárias?

A distância do autor com a realidade fica mais patente adiante. Dado um certo ponto conclui:
... o design (racionalismo) tende a tomar a dianteira em ciclos econômicos negativos, equanto que (sic) o styling (anti-racionalismo) tende a florescer em períodos de prosperidade. O styling começou a ter expressão na década de 20 com o florescimento da Art Deco, e em finais dos anos 30 e 40.
A primeira coisa que chama a atenção é essa história do design florescer em momentos de crise e o styling em momentos de prosperidade. O mesmíssimo autor, algumas páginas antes, diz que o streamlining (que é uma derivação do styling), surgiu e prosperou nos anos subsequentes ao crash de 1929. Ele ao menos lê o que escreve?

Abra-se agora um parênteses para mais verborragia. O autor diz que o design começou a ter expressão nos anos 20 e "em finais dos anos 30 e 40". Que dizer que ele começou duas vezes? Nos anos 20 e depois no fim dos 30 e 40? Ou seriam três vezes? Nos anos 20, no fim dos 30 e no fim dos 40? Ou por no fim dos 30 e 40 quis se referir ao período representado por ambos? Sendo assim, qual o motivo de não dizer apenas "em finais dos anos 40"? Claro que é mais uma bobagem.

A segunda coisa que chama a atenção no trecho destacado é essa coisa, racionalismo vs. anti-racionalismo, definindo o design como uma atividade racional e o styling como anti-racional. Mesmo tomando racionalismo e anti-racionalismo com uma certa frouxeza, poderia-se dizer logo que: sendo uma área do design, que aqui é dado como algo racional, o styling não poderia ser irracional sem que se fizesse a concessão de que o design não é todo racional afinal. Daí sobraria "anti-racional" apenas como figura de linguagem para dizer que o styling tem um foco emocional (e ponto).

Lendo integralmente o texto sou levado a crer que, no fundo, chamar o styling de anti-racional e colocá-lo em oposição ao próprio design foi, desde o início do texto, apenas um meio de expressar desgostos - algo como chamá-lo de feio, chato, bobo e excluí-lo da brincadeira - hábito provavelmente adquirido na leitura dos teoristas da coisa do design para uma nova ordem social (coisa que pretendo estudar adiante). Especulações à parte, de agora em diante, quando um autor desses disser design, entenda por uma equação de design menos as preocupações do campo do styling, e styling por styling mesmo.

sábado, 2 de maio de 2009

Vote na realidade

Ontem. Voltava eu da universidade com uma doçura de amiga. Conversávamos qualquer uma dessas frivolidades por todos conhecidas, que, mesmo ocas feito bexigas, servem ao menos de gancho para compartilhar alguns momentinhos com uma pessoa querida. Sei que logo nos caímos a falar a respeito de um boleto bancário que trazia comigo. Expliquei tratar-se da minha mensalidade no curso do Seminário de Filosofia, de Olavo de Carvalho. Disse isso e botei-me atento aos olhos da amiga, esperando, e até desejando, que o filósofo fosse por ela reconhecido. Pela nulidade com que recebeu o nome, afirmo com toda certeza que não era. Nada daquele espanto de (a) imenso apreço, ou de (b) freira ante um blásfemo, que a citação do maldito causa a quem o conhece ao menos um tantinho.

Mas, a prova mais cabal de que ela nunca havia ouvido falar no sujeito veio em seguida. Perguntou-me por que então eu não cursava filosofia na universidade. Ri um pouco enquanto me vinham algumas lembranças.

Lá nos tempos há muito idos. Aliás, nem tão idos assim, já que um ano e meio é um cuspe de tempo para um rapaz de vinte e poucos anos. Enfim, lá pela época onde eu ainda acreditava possível adquirir alguma formação humanística naquele covil, encontrava-me numa aula de filosofia (pelo curso de Relações Públicas), sentando em uma das cadeiras que compunham um grande círculo de discussão. Pegado de tédio, e já tendo suportado coisa de uma hora de massacre, eu pensaneava distraído enquanto a professora nos lia alguns textos em compasso hipnótico, vez ou outra citava Marilena Chauí e incitava debates marcados por pura falta de conhecimento sobre o que quer que se discutisse.

Mas eis que num dado momento a coisa toma uma proporção tão estrondosa que me desperta. Fala-se a respeito de como certas coisas (no caso, tecnológicas) eram impensáveis para os homens em dados momentos da história, e no entanto nos são cotidianas. Daí em diante a coisa segue firulando, até que, num momento de epifânia, a professora conclui diante de todos, e de um Caio pasmo, que é possível pensar algo impensável. Chegado esse ponto eu me meti na peleja. Sugeri delimitar melhor a frase ou procurar uma palavra mais adequada a proposição. Perguntei, “pois algo impensável não é, por definição, impensável?”. Devia ter ficado quieto. A coisa deve ter soado bastante exótica, notei pelo silêncio. Mas logo a marcha dos horrores continuou, tornou-se furiosa, e num esforço coletivo, seguindo o impropério da dona docente, todos passaram a procurar pensar coisas impensáveis (!) para me provar errado. Júlio Verne e Isaac Asimov, que ouviram seus nomes alucinadamente citados, gemeram de angústia.

Já é bastante ridículo que se use de todo tipo de malabarismo de linguagem com o mero e bobíssimo intuito de montar proposições aparentemente contraditórias, como Saussure trocando de sujeito para criar a mutabilidade e imutabilidade do signo. Mas, pior ainda é não perceber o enxerto e passar a interpretar o ovo de cuco no sentido literal.

Demorou ainda um tempo até que eu pudesse balbuciar novamente, trêmulo feito um condenado pedindo perdão, que se algo impensável é, por definição, impensável, então qualquer coisa que eles tenham pensado nunca foi impensável afinal. A coisa encerrou-se por aí. A professora interrompeu, e deve ter ficada maravilhada mesmo com a minha novidade, pois, nas suas próprias palavras, achou a minha “opinião (!) muito interessante”.

No fim das contas, saíram todos de sala com a cabeça tranquila, em maioria, e inafetados por esse defeito que o mundo real tem de querer fazer sentido. Votaram sobre a estrutura da realidade, venceram, e saíram muito felizes. Só eu é que saí um pouco desconcertado, com fama de doido e de cabeça dura.

Não cheguei a contar esse caso para a minha amiga... que a essa altura já estava bastante curiosa em saber o motivo pelo qual eu sorria.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Triplo Carpado Racial




"Já disseram que essa lei, uma vez aprovada, estaria legitimando o racismo, mas não consigo entender o porquê. Ao contrário, não aprová-la é que é uma atitude racista"
Senadora Serys Slhessarenko (PT-MT)



Isto foi a respeito da PLC 180/08, que estabelece cotas raciais para ingresso nas universidades públicas.

Achei lindo o triplo carpado da senadora, só não entendi essa história de aterrissar de cara no chão. Vá lá, pela foto é possível supor que a Mortícia aí tem prática.